JESUS CRISTO VIVENDO A ARTE DA AUTENTICIDADE E PROCURANDO AMIGOS ÍNTIMOS.
"Pai, a minha vontade é que onde eu estou, estejam também comigo os que me destes, para que vejam a minha glória que me conferiste, porque me amaste antes da fundação do mundo. Pai justo, o mundo não te conheceu; eu, porém, te conheci, e também estes compreenderam que tu me enviaste. Eu lhes fiz conhecer o seu nome e ainda o farei conhecer, a fim de que o amor com que me amastes esteja neles, e eu neles esteja. João 17.24-26".
JESUS CRISTO, durante a sua vida, mostrou possuir um poder fora do comum. Suas palavras deixaram extasiadas as multidões e atônitos os seus opositores. Ao se pronunciar aos seus três discípulos no jardim do Getsêmani, revelou-lhes uma face que eles nunca pensaram ver, a face da sua fragilidade. Todos nós possuímos comportamentos contraditórios. Temos uma necessidade paranoica de que as pessoas conheçam os nossos sucessos e nos aplaudam, mas ocultamos nossas misérias, não gostamos de mostrar nossas fragilidades.
O mestre teve a coragem de confessar aos seus três amigos íntimos aquilo que ele guardava dentro de si. Disse com todas as letras "Minha alma está triste até a morte. Mateus 26.36". Como pode alguém tão forte, que curou leprosos, cegos e ressuscitou mortos, que estava envolvido numa profunda angustia? Como pode alguém que nunca teve medo de ser vítima de apedrejamento dizer, agora, que sua alma estava profundamente triste, deprimida até a morte.
Os discípulos, acostumados á fama e ao poder do mestre, ficaram extremamente abalados com a sua dor e fragilidade. Nunca esperavam que ele dissesse tais palavras. JESUS era para eles mais do que um super-homem, alguém que tinha a natureza divina.
No conceito humano, DEUS não sofre, não tem medo, não sente dor e nem ansiedade e, muito menos, desespero. DEUS está acima dos sentimentos que perturbam a humanidade. Contudo, apareceu na Galileia alguém que proclamou com todas as letras ser o próprio filho de DEUS e afirmou que tanto ele como seu Pai têm emoções, ficam preocupados, amam cada ser humano em particular. O pensamento de JESUS revolucionou o pensamento dos judeus que adoravam um DEUS inatingível.
Os discípulos não tinham consciência de que o mestre seria condenado, ferido e crucificado, não como o filho de DEUS, mas como o filho do homem. Todo o sofrimento que CRISTO passou como homem, um homem como qualquer outro. Os açoites, os espinhos e os cravos da cruz penetraram num corpo físico humano. Ele sentiu as dores como qualquer ser humano sentiria se passasse pelo mesmos sofrimentos.
Durante anos aqueles jovens Galileus contemplaram o maior espetáculo da Terra. Viveram com um amigo que os protegeu, consolou e cuidou. Andaram com uma pessoa dotada de poderes sobrenaturais. Um dia, uma viúva da cidade de Naim perdeu seu único filho. Ela chorava inconsolada seguindo o cortejo fúnebre. cristo viu suas lágrimas e ficou profundamente sensibilizado com a dor e a solidão daquela mãe. Então, sem que ela soubesse quem ele era, parou o cortejo, tocou o esquife em que jazia o morto e o ressuscitou.
As pessoas ficaram espantadas com o que ele fez, pois nunca tinham ouvido falar de alguém que tivesse este poder. Quinze minutos em que o cérebro fica sem irrigação sanguínea são suficiente para provocar lesões irreversíveis, causando grandes prejuízos á inteligência. O filho daquela mulher já estava morto havia horas, entretanto JESUS o ressuscitou. Que poder tinha esse homem para realizar um feito tão extraordinário?
Os discípulos que registraram o milagre estavam delirando ou de fato JESUS realizou? Ma isso entra na esfera da FÉ. Contudo, segundo Augusto Cury defende uma importante tese na psicologia que jamais a mente humana conseguiria criar um personagem com as características da personalidade lógica de JESUS CRISTO. Portanto, apesar de ser possível rejeitar tudo o que ele foi e propôs, se analisarmos sua personalidade nos convenceremos que, de fato, ele andou e respirou nesta Terra.
No Getsêmani, JESUS teve gestos inesperados.Como é possível que o portador de um poder jamais visto em toda a história da humanidade tenha coragem de dizer que sua alma está profundamente triste? como pode alguém que se colocou como DEUS eterno e infinito precisar de amigos mortais e finitos para confessar sua dramática angustia? Que homem na história reuniu essas características diametralmente exposta em sua personalidade?
Os discípulos, fascinados com o poder de JESUS CRISTO, jamais pensaram que sofreria ou precisaria de algo. Então, de repente, o mestre não apenas diz que está profundamente triste, mas que gostaria da companhia e da oração deles naquele momento, JESUS CRISTO viveu na plenitude a arte da autenticidade.
JESUS CRISTO não escondia seus sentimentos, enquanto nós os represamos. Somos impiedosos e autopunitivos com nós mesmos. É como se não pudéssemos falhar, manifestar fragilidade, errar. Alguns nunca expõem seus sentimentos. Ninguém os conhece por dentro, nem mesmo o cônjuge, os filhos ou os amigos mais íntimos. São um poço de mistério, apesar de terem necessidade de dividir suas emoções.
O Mestre dos Mestres da escola da vida deixou-nos o modelo de uma pessoa emocionalmente saudável. Ele se entristeceu ao máximo e não teve medo nem vergonha de confessar abertamente suas emoções aos seus amigos. Estes registraram em papiro essa característica de sua personalidade e a expuseram ao mundo.
Até hoje a maioria das pessoas não entendem que tal procedimento é característica de uma pessoa cativante. Só os fortes conseguem admitir suas fragilidades. Aqueles que fazem questão de se mostrar forte por fora são de fato frágeis, pois se escondem atrás de suas defesas, de seus gestos agressivos, de sua autossuficiência,, de sua incapacidade de reconhecer erros e dificuldades.
O mestre era poderoso, mas sabia se fazer pequeno e acessível. Posicionava-se como imortal e parecia inabalável, mas, ao mesmo tempo, gostava de ter poucos amigos e de dividir com eles seus sentimentos mais ocultos. Muitos querem ser "deuses" ou se comportam como "anjos", mas JESUS amava os gestos mais simples.
Muitas pessoas incluindo cristãos, não têm uma vida intelectual e emocional saudável. Sofrem intensamente, mas não admitem seus sofrimentos ou não conseguem ter amigos com quem possam dividir seus conflitos. Alguns gostariam de compartilhar-los, mas não encontram alguém que os ouça sem preconceitos e sem prejulgamento. Outros podem cometer suicídio simplesmente por não terem um amigo com quem desabafar suas dores. As pessoas que não possuem amigos íntimos - capazes de gostar delas pelo que são e não pelo que têm - deixam de viver uma das mais ricas experiência existenciais.
Vivemos ilhados na sociedade. Infelizmente, muitos só tem coragem de falar de si mesmos quando estão diante de um terapeuta. Creio que menos de um por cento das pessoas tem vínculos profundo com os amigos.
A maioria daqueles que chamamos de amigos mal conhecem a sala de visita de nossas vidas, muito menos área mais íntimas. A grande maioria dos casais não constrói uma relação de companheirismo e amizade em seus casamentos. Marido e esposa, apesar de dormirem na mesma cama e respirarem o mesmo ar, são dois estranhos que pensam que se conhecem bem. País e filhos repetem a mesma história, constituindo com frequência grupos absolutamente estranhos.
Não sabemos penetrar nos sentimentos mais profundos dos outros. Sempre oriento psicólogos e educadores para que nunca deixem de conversar sobre idéias mais áridas que permeiam as vidas das pessoas, mesmo aquelas ligadas ao suicídio. Aparentemente, não é fácil falar sobre esse assunto, mas dividir os sentimentos é importante e traz um grande alivio. Um diálogo pode prevenir o suicídio e ajudar a traçar algumas estratégias terapêuticas.
Um dia, após proferir uma palestra sobre o funcionamento da mente e algumas doenças psíquicas, uma coordenadora educacional disse-me, com lágrimas nos olhos, que se tivesse ouvido a palestra anteriormente teria evitado o suicídio de uma aluna. A jovem queria conversar com ela, mas a coordenadora não se deu conta do seu grau de depressão e adiou o diálogo para o dia seguinte. Não houve tempo, a jovem se matou.
Precisamos aprender a penetrar no mundo das pessoas. A arte de ouvir deveria fazer parte de nossa rotina da vida. Todavia, pouco a desenvolvemos. Somos ótimos para julgar e apontar com o dedo a falha dos outros, mas péssimos para ouvi-los. para desenvolver a arte de ouvir é preciso ter sensibilidade, é preciso perceber aquilo que as palavras não dizem, é preciso escutar o silêncio.
O Mestre de Nazaré sabia tanto ouvir como falar de si mesmo. Ao expor a sua dor, estava treinando seus discípulos a serem abertos e autênticos uns com os outros, a dividirem suas angustias, a aprenderem a arte de acolher as palavras alheias. Por amar aqueles jovens Galileus, ele não se importava usar a própria dor como instrumento pedagógico para conduzi-los a se interiorizar e construir uma vida saudável e sem representações.
EXTRAÍDO DO LIVRO O MESTRE DA SENSIBILIDADE.
AUTOR: AUGUSTO CURY.
PAGINAS 75 A 78.
DIÁCONO LUIS MARIANO SIQUEIRA
CARPINA 05/04/2013
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